Atividade Física e Depressão: o que sabemos até agora?

 

Transtornos Depressivos dizem respeito a uma síndrome multidimensional com sintomas emocionais, prejuízos físicos e sociais e grande impacto na qualidade de vida.

Ao diagnosticar um transtorno depressivo o médico deve orientar seu paciente em relação aos estágios do tratamento e a importância do período de manutenção. No entanto, seja pela mal aderência ao tratamento, pelo efeitos colaterais das medicações ou pela ineficácia de determinado medicamento para determina pessoa, uma proporção significante dos pacientes mantém sintomas residuais, o que é associado a prejuízos funcionais e aumento do risco de recaídas. Portanto, o objetivo do tratamento da depressão é sempre a remissão completa dos sintomas.

Nesse sentido, há uma crescente busca por novas intervenções – farmacológicas e não farmacológicas – que possam reduzir as taxas de recaída e melhorar a resposta ao tratamento.

Uma grande metanálise que estudou o impacto dos exercícios físicos no tratamento da depressão (Mead et al, 2008) demonstrou que eles apresentaram resultados consideráveis em 23 trials envolvendo 907 pacientes.

Um outro Estudo Clínico Randomizado (Blumenal et al, 2007) dividiu 202 adultos em 4 grupos: exercícios supervisionados, exercícios em casa, Sertralina (50 mg – 200mg) e pílula placebo. Após 16 semanas de tratamento 40% e 45% dos pacientes respectivamente dos grupos exercícios em casa e exercícios supervisionados apresentaram remissão de sintomas (escore menor que 8 na Escala de Hamilton e ausência de critérios para Transtorno Depressivo Maior) comparado a 47% do grupo tratado com Sertralina e 30% com placebo.

Diversos outros estudos tem sido conduzidos e são necessários, no entanto o potencial dos exercícios físicos no tratamento adjunto da depressão – e também da ansiedade e do estresse pós traumático – tem sido cada vez mais evidenciado, inclusive no seguimento a longo prazo com redução de recaídas.

 

E como isso funciona?

 

Uma série de hipóteses buscam explicar o mecanismo de ação do impacto dos exercícios nos transtornos psiquiátricos. As explicações mais consistentes seriam a de que os exercícios aumentam neurotransmissores monoaminérgicos no cérebro assim como as medicações antidepressivas. Além disso, os exercícios reduzem o estresse endocrinológico reduzindo a liberação de hormônios como o cortisol e a epinefrina  e ainda aumentam a liberação de endorfinas do sistema central opioide.

Em relação ao tipo e duração dos exercícios, a maioria dos estudos sugere exercícios aeróbicos de intensidade moderada, pelo menos 30 minutos, 3 vezes por semana.

É importante que pacientes com outras doenças clínicas ou a partir da meia idade passem por avaliação medica antes de iniciar os exercícios.

Enfim, enquanto novas pesquisas sobre o potencial do exercício físico no tratamento da depressão se desenvolvem, seus benefícios adicionais e seu caráter inócuo fazem deles uma importante indicação como adjunto nos tratamentos dos transtornos psiquiátricos.